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Comercialização de livros em Portugal

Jorge Santos e José Soares Neves

1 de agosto de 2019

O Instituto Nacional de Estatística (INE) recolhe e publica informação sobre comércio a retalho de livros (atividade de livraria) em Portugal. Uma sistematização dos indicadores disponíveis no INE para o período 2004 a 2012 foi publicado em Neves, Beja, Santos e Santos (2014).

No presente texto faz-se uma atualização das séries longitudinais para os anos posteriores dos indicadores número de empresas, volume de negócios e valor acrescentado bruto (VAB). Inclui-se ainda um outro indicador, disponível a partir de 2008, sobre os subsídios à exploração.

Empresas

Em 2017 regista-se um número total de 608 empresas, o que significa uma quebra face ao ano anterior (-27 casos) e o terceiro valor mais baixo no período, somente acima dos valores dos anos de 2012 e 2013 (gráfico 1). O número mais elevado regista-se em 2008, o único a ultrapassar as sete centenas de empresas do sector.

A evolução do número de empresas ao longo da série caracteriza-se por uma tendência de queda a partir desse ano – embora com uma ligeira recuperação de 2013 para 2015 - com o valor de 2017 a representar uma taxa de variação negativa de 12% em relação a 2004 (694). Tal como para as empresas da edição de livros esta queda é explicada no essencial pela oscilação que se verifica nas pequenas empresas.

Graf. 1.png

Volume de negócios

No que diz respeito ao volume de negócios verifica-se uma recuperação contínua de 2013 (€115 milhões) para 2017 (€149 milhões), valor muito próximo dos mais elevados registados entre 2008 e 2010 (acima dos €150 milhões) (gráfico 2).

No período em análise constata-se uma taxa de variação positiva de 6% do valor de 2004 (€140 milhões) para o referido valor de 2017. A série caracteriza-se por três momentos diferentes: por um crescimento ligeiro, embora consistente, entre 2005 e 2009; por uma quebra acentuada entre 2009 e 2013; e por um período de recuperação que vai até 2017, embora com valores abaixo dos de 2008-2010. Note-se ainda que estas oscilações ocorrem em períodos consecutivos de quatro anos.

Graf. 2.png

Valor acrescentado bruto

O VAB significa, em 2017, €31 milhões, o valor mais alto da série (gráfico 3), o que representa um crescimento de 49% face ao valor mais baixo registado em 2013 (€21 milhões).

As oscilações que se verificam no VAB no período replicam de certa forma as já observadas para o volume de negócios, embora os crescimentos e as quebras não sejam tão acentuados neste último indicador. Tendo em conta os anos limite da série regista-se uma taxa de variação positiva (16%).

Graf. 3.png

Subsídios à exploração

Quanto aos subsídios à exploração das empresas do sector do retalho de livros (gráfico 4) verifica-se que é em 2017 que se regista o valor mais elevado (€230 mil), o que constitui um crescimento de 72% face ao valor do ano anterior (2016, €134 mil) e mais acentuado - de 88% em relação ao do início da série (2008, €123 mil). Ainda uma nota para o facto de os subsídios registarem valores sempre acima dos €120 mil, com exceção do ano de 2012 em que apresenta o valor mais baixo, com €53 mil.

Graf. 4.png

Nota metodológica:

O INE considera Livrarias as empresas que desenvolvem como atividade principal o comércio a retalho de livros novos. Enquadram-se na Subclasse 47610 (Comércio a retalho de livros, em estabelecimentos especializados), do Grupo 476 (Comércio a retalho de bens culturais e recreativos, em estabelecimentos especializados) da Divisão 47 (Comércio a retalho, exceto de veículos automóveis e motociclos), da Secção G (Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos) da CAE Rev.3 (INE, 2017). Exclui-se, portanto, as empresas com atividade de comércio a retalho de livros em segunda mão (CAE Subclasse 47790).

O Volume de negócios consiste na quantia líquida das vendas e prestações de serviços (abrangendo as indemnizações compensatórias) respeitantes às atividades normais das entidades, consequentemente após as reduções em vendas e não incluindo nem o imposto sobre o valor acrescentado (IVA) nem outros impostos diretamente relacionados com as vendas e prestações de serviços. Na prática, corresponde ao somatório das contas 71 e 72 do Plano Oficial de Contabilidade.

O Valor acrescentado bruto (VAB) refere-se ao valor bruto da produção deduzido do custo das matérias-primas e de outros consumos no processo produtivo.

Os Subsídios à exploração são as transferências correntes sem contrapartida que as administrações públicas ou as instituições da União Europeia fazem no quadro da respetiva política económica ou social a produtores mercantis residentes e a outros produtores residentes pela sua produção mercantil com o objetivo de influenciar os seus níveis de produção e os seus preços e/ou de tornar possível uma remuneração adequada dos fatores de produção (como por exemplo, subsídios para a criação de postos de trabalho, estágios profissionais ou em projetos apoiados por fundos europeus).

A informação é recolhida através do Sistema de Contas Integradas das Empresas (SCIE), principal fonte desde 1994, que foi reformulado em 2004 de modo a aproveitar outras informações fiscais administrativas disponíveis e, desde 2006, com enfase na Informação Empresarial Simplificada (Sociedades) e Informação fiscal (empresas individuais), o que veio permitir uma maior cobertura do universo das empresas, com a inclusão dos profissionais liberais e o uso de informação mais exaustiva. Com a entrada em vigor, em 2010, do novo Sistema de Normalização Contabilística (SNC), o INE disponibilizou uma nova série de estatísticas das empresas com início no ano de 2004. Este sistema permitiu passar a recolher dados relativos ao número de empresas, de pessoal ao serviço, dos custos e perdas, e dos proveitos e ganhos, entre outros. O SNC está harmonizado pelo que é possível a comparação a nível europeu.

Âmbito geográfico:

Portugal

 

Referências

Neves, José Soares (coord.), Rui Beja, Jorge Alves dos Santos e Jorge Augusto Santos (2014), Comércio livreiro em Portugal - Estado da arte no início da segunda década do século XXI, Lisboa, APEL.
INE (2007), Classificação Portuguesa das Actividades Económicas REV. 3, Lisboa, INE.

Webgrafia

INE – Instituto Nacional de Estatística, <www.ine.pt>.

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